sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Proclamação Luterana - 009

23. Qual é, então, precisamente a diferença entre comunicação e proclamação? Ambas as atividades lidam com pessoas; ambas envolvem uma conexão entre o que fala e o que ouve; ambas anunciam uma mensagem, sim, mas a diferença entre as duas atividades é grande. Ambas, comunicação e proclamação envolvem motivação; mas o processo empregado é muito diferente entre os dois.

24. A comunicação trabalha com aquilo que pode ser chamado de estrutura do sinergismo. A comunicação requer a cooperação do ouvinte; sem esta cooperação, não há comunicação. Comunicação apela à razão de forma reflexiva para o consentimento. Aqueles, que lutam pela comunicação, colocam o dualismo, que procura influenciar poderosamente o ouvinte, concedendo-lhe o direito de decisão. O ouvinte vem a ser parte do processo, que a comunicação tem como fim. O ouvinte vem a ser juiz no modelo da comunicação. O ouvinte recebe o direito para dizer: O que sei e vejo como verdade, isso afirmo; o que não conheço ou o que não reconheço como verdade, eu nego. Na comunicação, o ouvinte é movido a querer, se o ouvinte não chega a esta ação, a comunicação falhou.[1]

25. A proclamação trabalha com o que pode ser chamado de estrutura monergística. A proclamação requer a presença (obviamente), mas não necessariamente a cooperação do ouvinte; mesmo sem esta cooperação, a proclamação ocorre (assumido que o evangelho tenha sido pronunciado). A proclamação não apela à reflexão da razão para consentimento. Proclamação é revelação, e como Löwenich claramente nota, “revelação adereça-se a si mesma à fé, não ao ver, não à reflexão da razão.”[2] Porque proclamação não apela à reflexão racional, ela não opera num nível dualista, e não capacita o ouvinte a ser o árbitro final da verdade comunicada. O ouvinte pode dizer: Isto eu não aceito, mesmo assim, a proclamação ocorreu, onde o evangelho foi pregado, e ali, como nos o confessamos publicamente: “O Espírito Santo é dado, que opera a fé, onde e quando lhe apraz, naqueles que ouvem o evangelho.”[3]


[1] Esta implicação sinergistas é claramente pretendida e inevitável no contexto atual do debate acima, sobre a direção adequada da pregação luterana; é possível usar o termo “comunicação” de uma forma para evitar esta implicação sinergistas, como por exemplo Richard Klann o faz, quando ele usa “comunicação na forma como sinônimo de “proclamação” neste artigo: “ Se o Evangelho pode ser efetivamente resistido e rejeitado, como podemos falar de uma comunicação efetiva do evangelho? Conforme a Escritura, podemos responder de forma série e simples: Deus o Espírito, que Cristo envia para este propósito, autentica o evangelho quando a pessoa comunica o mesmo de forma pura. Seu poder nunca é diminuído pela incredulidade daqueles que rejeitam seu convite de serem seus; em “Writing Dogmatic Theology, Concórdia Journal, 13 de abril de 1987, p. 148.

[2] Walther Von Löwenich, Luther`s Theology of the Cross, trans. Herbert J. A. Bouman (Minneapolis: Augsburg, 1976) p.37-38.

[3] AC V.2

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