domingo, 5 de fevereiro de 2012

Proclamação Luterana - 018

53. Mas deixe a lei fazer o seu trabalho, e deixe o evangelho seguir; então nos defrontaremos com outra questão estratégica – o que seguirá? A resposta popular, oferecida por muitos nomes importantes na história da LCMS, é de volta à lei. A santificação, como alguns a chamam. “A admoestação evangélica”, dizem outros. Outros preferem falar em “imperativos evangélicos”, ou o “terceiro uso da lei.” E todos os mencionados acima estão prontos a rotular de “antinomistas”, aqueles que dirão um “não” a esta resposta. Tenha, no entanto, certeza de que eu creio no terceiro uso da lei, especialmente no sentido em que é discutido na FC VI, a saber, que o terceiro uso é um dos caminhos nos quais Deus usa a lei.

Depois o Espírito Santo emprega a lei, a fim de por ela instruir os renascidos e lhes mostrar e indicar, nos Dez Mandamentos, qual seja “a boa e agradável vontade de Deus” Rm 12.2 em que boas obras, nas quais “Deus de antemão preparou, devem andar.” Ef 2.10 Ele os exorta a isso, e quando, em razão da carne, são remissos, negligentes e rebeldes, repreende-os por isso pela lei. Assim exerce ambos os ofícios simultaneamente: “tira a vida, e a dá; faz descer ao inferno, e faz subir. (1 Sm 2.6: faz descer à sepultura (inferno) Sei ofício não é apenas confortar, senão também repreender, como está escrito. (Jo 16.8) Quando o Espírito santo vier, “convencerá o mundo (que também inclui o velho homem) do pecado, da justiça e do juízo.” Ora, pecado é tudo quanto é contrário à lei de Deus. E São Paulo diz: Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, etc (2 Tm 3.16) E repreender é o ofício próprio da lei. Por isso, quantas vezes os crentes claudicam, tantas são repreendidos pelo Espírito de Deus da lei, e pelo mesmo Espírito são reerguidos e consolados com a pregação do santo evangelho.[1]

Duas coisas precisam ser notadas, quando pensamos no que deverá vir após o evangelho. Primeiro, o que muitos querem, e o que muitos pastores dizem, não é o terceiro uso da lei, que é puramente informativo em sua natureza e não imperativo. Antes, muitos pessoas desejam e muitos pastores afirmam é o primeiro uso da lei. O que eles desejam é que a lei modifique o comportamento, pelo controlar tudo o que não cabe na vida cristã. Isto é o primeiro uso, não o terceiro.[2]

54. E mais, o que quer que a lei faça, ela sempre acusa. Lex semper accusat! Por causa disto a Fórmula diz, ao discutir o terceiro uso da lei, “reprovar é a verdadeira função da lei”. Agora, se proclamação é o que a pregação luterana é, e se identificação do meu novo ser como filho de Deus é o que o Evangelho me dá, e se “boas obras fluem da fé, como nossa confissão afirma, porque queremos colocar nossos ouvintes de volta sob a acusação da lei e os terrores de consciência no fim do sermão?

55. Em vez disso, deixem me propor o que pregadores luteranos consideram como “aplicação do evangelho”. Aplicação do evangelho está onde é quando alguém vai além das afirmações dos fatos do evangelho, tal como “Jesus que morreu por ti” ou “no santo batismo, o povo renasce para dento do reino de Deus”. Aplicação do evangelho ocorre quando, à base dos fatos do evangelho, o pregador, “realmente perdoa os pecados, quando ele declara: “Teus pecados estão perdoados”. “Tu és filhos de Deus”. “Ninguém te tirará de minhas mãos.” Tal aplicação do evangelho é simplesmente um aliviar o raciocínio reflexivo, um papel necessário na proclamação.[3] Nós não deveríamos deixar o ouvinte imaginar a aplicação imediata baseada num princípio conhecido, mas aplicar do Evangelho a ele, diretamente no sermão[4].


[1] FC VI,12-14.

[2] Mais evidências de que estamos lidando aqui com o primeiro uso da lei, mais do que com o terceiro uso, vemos no pseudo-evangelho da gratidão, que é tão popular na Igreja. Tudo Jesus fez por ti, que farás tu por ele? Tal caminho contém a assim chamada admoestação evangélica, e não é diferente do que uma mãe gentílica que diz a seu filho que vem para casa com um belo sanduíche dado pelo vizinho, quando a mãe pergunta: Você disse obrigado. Mas, este é o primeiro uso da lei.

[3] Lembre, apelar à razão, estabelece o dualismo que muda a proclamação em comunicação, na verdade em um caminho de ida e volta. (interprice).

[4] Um conforto para aqueles que querem ser pregadores confessionais luteranos é que esta nossa herança é constante e continuamente a carga de uma mensagem incompleta, de não pregarmos o bastante sobre boas obras. Amostra dessa carga reunida numa extensa pesquisa encontramos no teólogo reformado Harold ºJ. Brown: The Image of Christ in the Mirror of Heresy and Orthodoxy fromthe Apostels to he Presente (Grand Rapids: Baker, 1984), especialy p. 298-394.

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