quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Que tipo de político queremos?

A palavra “político” vem do grego “politikos”, que deriva de “polites” que quer dizer “cidadão”, quQue tipo de político queremos?
A palavra “político” vem do grego “politikos”, que deriva de “polites” que quer dizer “cidadão”, que, por sua vez, se originou de “polis”, que é traduzido por “cidade”. Apenas como curiosidade, no Brasil, o cidadão de Salvador é chamado de soteropolitano (ou seja, cidadão = “politano” de “soter” = salvador).
Na sociedade grega a vida pública interessava a todos os cidadãos (enquanto hoje, muitos se orgulham de não gostar de entender de política – estes deveriam ler o “analfabeto político” de Bertold Brecht). Mas para os gregos, que se interessavam pelo bem público, “politikos” eram aqueles que estavam no governo da cidade, ou Estado e colocavam o bem de todos acima de seus próprios interesses. Em sua origem, ser político é pensar, antes de tudo, no outro.
Por meio do latim, o termo veio a fazer parte de todas as línguas ocidentais. Mas já no século 16, em inglês, a palavra adquiriu uma forma bastante pejorativa. “Politican” designava alguém que recorria a intrigas para adquirir poder ou cargos públicos. Algo como parece ser o pensamento comum sobre os políticos que temos hoje.
Alguns termos mudam com o passar do tempo e com o uso da palavra. Brasileiro, por exemplo, virou nosso termo pátrio, entretanto, era uma forma pejorativa de chamar os nativos de nosso país, pois se você pensar bem verá que o certo seria “brasiliano”, a exemplo de “americano”, “venezuelano”, etc... E este tratamento pejorativo de um “brasileiro” qualquer, virou substantivo pátrio. E muito nos orgulha (ou orgulhava) ser chamados de brasileiros. Estamos com problema de autoestima e nosso “orgulho” anda meio em baixa... E boa parte da culpa disso é nossa e de nossa classe política, outro tanto é culpa nossa, ao abrirmos mão de nossa participação política.
As denúncias de crimes e corrupção só se amontoam e seus tentáculos se espalham por cada um dos partidos, em cada Estado do país, cada câmara de vereadores, enfim... Tá triste. Estamos tristes.
Mas ainda alimento a esperança de termos políticos naquela primeira acepção da palavra: pessoas de bem, que buscam o bem da comunidade, antes da sua própria fortuna. E realmente conheço alguns que são assim (poucos, é verdade, mas existem ainda).
Almejo esta idoneidade também para a igreja, pois temos visto muitos “pastores, apóstolos, missionários...” que só parecem buscar seus próprios interesses e os de suas seitas, transformando suas seitas em partidos que querem se garantir no poder, apenas para garantir mais direitos para si mesmos.
Nestas “igrejas” pouco se fala do que a Igreja de Cristo realmente oferece: “salvação eterna”. Vendem, por um bom preço (chamado de oferta, dízimo, voto...), vida boa neste mundo. E o pior, nem entregam o prometido, pois ninguém conhece alguém (fora os pastores destas ditas religiões) que realmente “tomou posse da vitória”.
Nunca os líderes religiosos pareceram tanto com os políticos descritos no século 16... Aliás, no século 16 a igreja estava assim também.
A promessa (parece-me mais ameaça) de Deus é para todos que usam da fé dos outros para o seu próprio bem: “Quanto a estes pequeninos que creem em mim, se alguém for culpado de um deles me abandonar, seria melhor para essa pessoa que ela fosse jogada no mar, com uma pedra grande amarrada no pescoço.”. Quem não sabe como seria essa pedra de moinho, resta saber que simplesmente ter ela amarrada ao pescoço e lançada, já arrancaria a cabeça, nem daria tempo de se afogar...
E tem a promessa para as autoridades também. “quando as autoridades cumprem os seus deveres, elas estão a serviço de Deus” (Romanos 13.6).
Deus quer boas autoridades, tanto na igreja, quanto no poder público. Autoridades que ajam como agiam aqueles primeiros políticos: procurando o interesse do outro, antes mesmo de seus próprios interesses. Estes serão abençoados, tanto na igreja, quanto na vida política. O resto... Bem... O resto vai receber o que merece. Sempre recebe.

Jarbas Hoffimann é teólogo e pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil, trabalhando na congregação Castelo Forte, de Nova Venécia: http://facebook.com/pastorjarbas e @pastorjarbas no twitter.

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